sábado, 12 de novembro de 2011

Constelações da Maternidade e da Paternidade

Eduardo Costa


Insondável mistério esse de tornar-se pai ou mãe.
Alegrias e obstáculos se alternam, impondo aos neófitos o enfrentamento de muitos desafios.
O que se espera dos pais?
E quais expectativas são possíveis com os filhos?
Sair do papel de filho(a) e ocupar o lugar de "pai" ou "mãe” é uma revolução...
Assim como, na adolescência, vivemos algo parecido com a criança na primeira infância: a necessidade de compreender os códigos sociais, o desejo de interagir e descobrir novos espaços; ao esperarmos um filho, revivemos conflitos e alegrias da relação com nossos próprios pais durante nossa infância e adolescência.
As cobranças sociais, mitos sobre gestação e paternidade, que entronizam a mulher, e, em contraparte, exigem o amor incondicional, muitas vezes também produzem a exclusão do pai da relação com seu rebento, atribuindo-lhe apenas o papel de provedor financeiro. Também roubam da mãe o direito de viver sua feminilidade, formação e carreira...
É preciso repensar tais crenças e compreender a complexidade e importância análoga de pai e mãe. Cada construção parental é uma constelação.
No acréscimo do filho ao par original, a teia se constitui, religando pontos do passado e do futuro de cada um dos três, no caso do primeiro filho, ou mais, quando da presença dos irmãos. E acolher um novo astro, na constelação, de gerações e gerações daquela família que se amplia, exige a acomodação desse universo composto de tantos universos.
Sim, cada um de nós é simultaneamente planeta e universo.
Receber uma nova vida, uma nova existência, para além das expectativas culturais, implica se abrir para decodificar esse novo discurso, totalmente original e singular, o que implica em grandes incertezas e receios.
Os pais também precisam de apoio para se desenvolverem plenamente. Sim, especialmente nos dias de hoje, onde a aceleração e o assoberbamento nos rouba de nós próprios, nos afastando de nossas necessidades e capacidade reflexiva. Onde as rodas de conversas com os mais velhos, se extinguiram...
No enfrentamento dos desafios, torna-se importante buscar referências, ancorar-se em algumas certezas para navegar em meio ao incerto. Para isto, propostas como as do Crescendo, podem oferecer suporte às eternas indagações sobre a pertinência e efeitos de nossas ações com nossos filhos. Não só abrindo espaços onde a criança seja Sujeito, construindo seu caminhar e sendo acompanhada em suas necessidades, mas estabelecendo parcerias com os responsáveis, fortalecendo-os em sua bela e delicada tarefa, desde a fase gestacional.
Nada mais angustiante e ao mesmo tempo maravilhoso, que ser pai e mãe!
Permita-se viver esse desafio! Perdoe-se, pois ninguém nunca será perfeito!
Contudo, a reflexão é fundamental!
Só temos poder sobre nossas ações antes de realizá-las!